Layla
Kaleo ficou em silêncio um tempo. Depois, a mão dele subiu pela minha coluna numa carícia que apagava incêndios nascituros.
— Fala comigo um pouco. — pedi, quase com vergonha de precisar do som.
— Sobre o quê?
— De você.
Ele respirou fundo, como quem toma coragem para dizer aquilo que não cabe na armadura.
— Eu passo o dia pensando em como não encostar em você. — confessou, a voz roca de verdade — E, quando encosto, penso em como sobreviver ao que vem depois.
— E o que vem depois?
— Paz. — Ele riu baixo — E pânico.
— Eu entendo.
— Eu sei que entende.
Virei o rosto, beijei a clavícula dele. A noite colocou nós dois em estado de confissão, e era impossível resistir.
— Eu ainda tenho medo. — repeti, como se fosse a primeira vez — Mas não consigo negar o que sinto aqui. — Toquei o próprio peito, ele cobriu minha mão com a dele, quente.
— Então me usa. — ele disse, sério — Como segurança para o que te assusta. E como incêndio para o que te falta.
Sorri, sem pudor. Eu já não era a mul