Kaleo
Eu não saí. O caos tem ressaca, e eu aprendi a ficar para os copos d’água. Os voluntários remontavam o que Bart derrubou. Eu segurei sacos, parafusos, bebi silêncio, cedi ombros. Mag diria que eu estava com “cara de quem entendeu onde dói no outro”. Não respondi à voz dela dentro de mim.
Sarah chegou apressada, com o celular na mão e os olhos de alarme.
— O que aconteceu? — perguntou para Layla, já examinando o saguão.
— O santo caiu mais um pouco. — Layla respondeu, seca.
Sarah me olhou de cima a baixo e, pela primeira vez, não me tratou como uma bomba relógio. No máximo, como um extintor.
— Obrigada. — disse, curta.
— De nada. — respondi, porque eu só sei agradecer por coisas que ainda não destruí.
Quando a poeira assenta, a verdade aparece sem maquiagem. Layla foi até o canil e voltou com o filhote que tinha latido mais alto. O bichinho se enroscou no colo dela, a língua fora, o peito ofegante diminuiu o ritmo. Eu poderia assistir essa cena por horas, e assisti por alguns min