Layla
Vergonha tem cheiro. No meu caso, cheirava a metal frio de elevador e a um beijo que nunca devia ter acontecido.
Na saída do hotel, eu caminhei rápido demais pelos corredores que agora não pareciam mais tão perfeitos, como se pressa fosse detergente.
O ar estava limpo, as pessoas conversavam sobre painéis e relatórios, e eu… eu era um corpo tentando parecer profissional após ter perdido o juízo. Não olhei para trás. Não dei a Kaleo a vantagem de ver meu rosto desmanchar.
Dormimos em andares separados, agradeci a Deus por protocolos. Na manhã seguinte, a estrada nos recebeu com aquele silêncio que sabe tudo da gente.
Ele dirigiu como sempre, firme, sem pressa, e eu fiquei colada ao vidro, encarando plantações, placas, poeira. As palavras que sobem na minha boca quando estou com ele resolveram ficar sentadas, quietas. Melhor assim.
— Foi só pânico. — eu disse a mim mesma, baixinho — Foi o medo apertando botões errados.
Ele não me respondeu. Talvez tenha ouvido. Talvez não.
A con