Kaleo
Ser o maior doador da ONG me dava direitos que Layla odiava reconhecer. Direitos de estar onde ela queria me excluir, de me sentar na mesa que ela queria manter limpa, de me intrometer em conferências humanitárias para as quais, ironicamente, o dinheiro falava mais alto que a moral.
O convite para o hotel fora da cidade veio com meu nome estampado. Ela não teve escolha. Eu não perdi a chance.
No carro, ela se encolheu contra a janela, o vestido simples azul contrastando com o couro preto do assento. Eu dirigia como sempre, uma mão no volante, a outra livre para o jogo de provocações.
— Dois encontros. — Falei como quem calcula — Duas vezes que você cedeu ao que jura odiar.
Ela fechou os olhos, já exasperada.
— Cala a boca, Kaleo.
— Oito beijos, pelo menos. — Inclinei a cabeça, sorrindo — Mas só dois que realmente importaram. Os outros você me deu como esmola, achando que podia controlar.
— Eu não te dei nada.
— Você me deu o corpo inteiro. — Abaixei o tom, como um segredo que s