Layla
Voltei para casa com um desconforto que se recusava a dizer seu nome. No fundo, o que me assombrava não era o perfume de outra na roupa do meu namorado. Era o cheiro do elevador ainda grudado na minha pele.
— Eu preciso de silêncio. — disse para mim mesma, deitada na cama — Um lugar onde eu pense sem ninguém perto para ouvir.
Dormi mal, sonhei com janelas que não abrem e beijos que não terminam.
Na manhã seguinte, acordei com a decisão já pronta.
— Mãe. — chamei na cozinha — Eu vou alugar um lugar. Perto da ONG. Pequeno. Por um tempo.
Ela me olhou, surpresa, depois preocupada, depois amorosa.
— Você precisa de quê?
— De espaço.
Helen apareceu atrás da geladeira.
— Dramática. Mas ok, te ajudo a procurar.
Bianca ergueu o olhar do notebook, calculou alguma coisa invisível e assentiu.
— Faz o contrato direito. Eu reviso.
Sorri. É bom quando o mundo tem pessoas que seguram suas beiras.
O apartamento era do tamanho de um suspiro, sala com cozinha americana, um quarto, um banheiro onde