Layla
O ciúme não grita. Ele aperta.
— Ele sempre sai depois dos beijos? — Kaleo perguntou, sem ironia, mas com um aço por trás.
— Não é sobre você. — tentei cortar.
— Tudo sempre é sobre você… e então sobre mim. — ele corrigiu, e o olhar azul desarmou a sala.
Eu me preparei para brigar. Ele não discutiu. Apenas tirou minha mão da sua, deslizou os dedos até o meu pulso e, sem pressa, me conduziu para a sacada de vidro ao lado do salão, onde o vento tinha licença e as palavras, menos público. Não foi um arrasto bruto, foi uma oferta irrecusável com jeito de ordem. Eu já estava dizendo sim quando ainda achava que era não.
O frio de fora beliscou a pele. A cidade, abaixo, brilhava como um tabuleiro. Encostei as costas no vidro por reflexo. Ele parou a um passo, as mãos ao lado do meu rosto, criando um abrigo que parecia risco.
— Se eu conseguir provar…  — ele disse primeiro, num tom que eu escuto pouco nele — como você reagiria?
— Odeio enigmas.
— Eu odeio não ter controle.
Por um segund