Layla
Dividir-se dá trabalho. Exige que você invente gavetas dentro da própria cabeça e etiquete tudo com caligrafia bonita para parecer que está sob controle. Na minha, as gavetas tinham dois nomes: Bart e Kaleo.
Um era a vida aprovada, o namorado correto, os planos de viagem, o futuro asséptico. O outro era o vício, a sombra que me segue, o corpo que entende antes da mente, a boca que desorganiza qualquer defesa. Entre o santo e o pecador, eu andava no fio.
A festa luxuosa era para arrecadação de fundos, claro. Vestidos longos que pareciam verbas, ternos que cheiravam a influência.
Bianca me ajudou a fechar o zíper do meu vestido azul-escuro, Helen roubou meu gloss, minha mãe ajeitou uma mecha atrás da orelha como se isso pudesse endireitar o destino.
— Está linda, minha filha. — disse, com a mão quente na minha bochecha — E se cansar, liga. Eu mando a Helen te buscar.
— Eu busco de sirene. — Helen prometeu, dramática, e me fez rir.
Cheguei com Sarah. Bart já estava na entrada, im