Kaleo
Alguns planos são engenhosos, frios, precisos. Outros, confesso, são apenas cruéis. O de hoje se encaixava no segundo grupo.
O galpão ficava na parte velha do distrito industrial, um prédio abandonado que a prefeitura fingia não ver. Eu comprei, restaurei o suficiente para não desabar e entreguei o resto ao silêncio.
Perfeito para o que eu queria, um cenário de fogo. Um acidente bem encenado, uma saída bloqueada, fumaça suficiente para sufocar.
Layla seria atraída para lá com a desculpa de visitar uma doação misteriosa para a ONG. Eu me certifiquei de que a curiosidade dela fosse alimentada pela isca correta, caixas com ração, brinquedos para cães, cobertores novos. Uma bondade disfarçada de armadilha.
Do lado de fora, eu observava, braços cruzados, cada músculo no ponto de disparar.
Ela chegou com passos hesitantes, o salto ecoando no concreto vazio. Carregava uma prancheta, sempre a maldita prancheta, e os olhos brilhando pela perspectiva de mais ajuda. Não desconfiou. Ou des