Layla
Eu sabia que eu devia ir até Bart. Eu devia. Em vez disso, fiz pergunta que só faço quando quero complicar minha vida:
— Por que você veio?
— Porque você estava aqui.
— Isso não é resposta.
— É a única que eu tenho.
A orquestra mudou para um tango leve. Ele me girou devagar, e minhas costas bateram de leve no peito dele, meu corpo todo encaixado no desenho que só nós conhecemos. O salão inteiro virou moldura. Eu, obra. Ele, crime.
— Se eu te beijar… — ele disse, sem vergonha — vai ser porque você quer.
O coração bateu alto o suficiente para me humilhar.
— Eu não quero.
— Que pena. — sussurrou, mas eu vi o canto da boca dele sorrir — Porque eu quero.
— Eu não sou seu brinquedo.
— Não. — A mão dele abriu, firme, na minha cintura — Você é o meu vício.
Foi demais. Eu quebrei o laço, dois passos para trás, respirando como se tivesse corrido.
— Chega.
— Nunca. — ele respondeu, e a palavra ficou perfumando a música.
Afastei-me, o salão girando devagar, as luzes borrando. Passei por Sar