A noite estava quente, e o aroma das flores misturava-se ao perfume caro das mulheres que deslizavam pelo salão da mansão Montenegro. Helena segurava uma taça de champanhe, mas pouco bebia. Seu olhar percorria a multidão, fingindo interesse nas conversas triviais, enquanto dentro dela algo ardia, algo que ela não deveria sentir.
Miguel Vasconcellos estava ali, encostado contra uma pilastra, observando-a. Seu olhar era um desafio, um convite silencioso ao pecado. Helena sentiu o coração acelerar. O vestido vermelho que usava parecia mais apertado, a sala mais quente. Ele era um homem perigoso, não apenas pela reputação, mas pelo que despertava nela. — Você está linda esta noite — a voz grave soou ao seu lado. Era Gustavo, seu marido. Ele pousou a mão em sua cintura e sorriu, mas seus olhos estavam mais preocupados em quem o observava do que na própria esposa. Helena retribuiu o sorriso, treinado e impecável. Era o tipo de afeto que aprendera a simular ao longo dos anos. Gustavo era um homem poderoso, um magnata dos negócios. Casar-se com ele foi uma escolha estratégica, uma jogada perfeita para ambos. Mas amor? Amor nunca fez parte da equação. Miguel se afastou da pilastra e caminhou até ela. O coração de Helena deu um salto. Ele não faria isso. Não ali, diante de todos. — Gustavo — Miguel estendeu a mão em um cumprimento cortês. — Belo evento, como sempre. — Miguel — Gustavo respondeu, apertando sua mão com força. O olhar que trocaram não era amigável. Helena segurou a respiração. Miguel não desviava os olhos dela, e o marido parecia perceber. O silêncio entre os três tornou-se incômodo, e Gustavo foi chamado por um empresário, afastando-se sem desconfiar do perigo que deixava para trás. Foi então que Miguel se aproximou mais, sua boca a poucos centímetros de seu ouvido. — Me encontre no jardim, Helena. Cinco minutos. O arrepio percorreu a espinha dela, e antes que pudesse responder, ele se afastou, deixando-a ali, dividida entre o medo e o desejo. Ela não deveria. Era errado, arriscado. Mas então, por que suas pernas já se moviam para fora do salão? O jardim estava silencioso, iluminado apenas por algumas lanternas. O perfume das rosas misturava-se ao frescor da noite. Helena sentiu seu coração disparar. Então, viu Miguel, encostado contra uma estátua de mármore, esperando por ela. — Você veio — Miguel murmurou, um sorriso satisfeito nos lábios. — Isso é uma loucura… — Helena sussurrou, mas sua voz falhou quando ele segurou sua cintura e a puxou para perto. — Algumas loucuras valem a pena. Ele a observou por um instante, como se desse tempo para que ela recuasse, mas Helena não recuou. Não conseguia. E então, os lábios dele tomaram os dela em um beijo urgente, faminto. Suas mãos deslizaram pelo corpo dela, pressionando-a contra si, fazendo-a sentir o calor que há tempos faltava em sua vida. Helena gemeu baixinho, esquecendo-se de onde estava, de quem era. Naquele momento, tudo o que importava era o desejo que a consumia. Miguel deslizou os lábios pelo pescoço dela, sentindo a pulsação acelerada sob sua pele. Os dedos dele exploraram as curvas de seu corpo, tocando-a como se quisesse memorizar cada detalhe. — Você não faz ideia do quanto te quero, Helena — ele sussurrou contra sua pele. Ela fechou os olhos, tentando encontrar forças para se afastar, mas falhando miseravelmente. As mãos de Miguel estavam em seu quadril, puxando-a para ele, e a respiração de ambos estava entrecortada. Um barulho vindo do salão fez Helena despertar por um instante. Qualquer um poderia aparecer ali a qualquer momento. Se fossem descobertos, o escândalo seria inevitável. — Precisamos parar — ela sussurrou, mas nem ela mesma acreditou em suas palavras. Miguel sorriu contra sua pele e segurou seu queixo, fazendo-a encará-lo. — Diga que não me quer. Olhe nos meus olhos e diga que isso não significa nada para você — desafiou ele. Helena abriu a boca, mas nenhuma palavra saiu. Não podia mentir. E foi ali, no escuro do jardim da mansão Montenegro, que Helena teve certeza: não havia mais volta. Ela cruzara uma linha invisível. E o pior? Não queria parar.