O telefone não parava. Era como se o mundo estivesse tentando puxá-la de volta para o lugar onde ela já não cabia mais.
– Você não vai atender? – Miguel perguntou, encostado no batente da porta, observando Helena sentada no chão da sala, rodeada por papéis, anotações e respirações curtas.
– É minha mãe. A décima vez desde ontem – Helena respondeu, largando o celular sobre a mesinha de centro como se fosse uma bomba prestes a explodir.
– Então atende e explode logo com ela – Miguel disse, se aproximando e sentando no chão ao lado dela. – Você precisa encarar essa parte também.
Helena inspirou fundo. O coração dela já não batia: martelava.
Atendeu.
– Finalmente – a voz da mãe dela atravessou como faca. – Você tá maluca? O que foi aquela entrevista? Aquelas palavras?
– Foi a verdade – Helena respondeu, seca.
– A sua verdade, você quer dizer. Porque você destruiu o nome da nossa família. Gustavo está arrasado. Os acionistas estão furiosos. Seu pai...
– Meu pai não fala comigo há cinco ano