O salto de Helena ecoou pelo chão de mármore do escritório, abafado apenas pelo som constante da chuva lá fora. Ela entrou, e o mundo pareceu segurar o fôlego. A cada passo, sentia o gosto amargo do erro ainda preso à pele. Miguel estava por todo o seu corpo, como uma tatuagem invisível.
Gustavo levantou os olhos, a expressão impenetrável. Seus dedos cessaram a valsa invisível na mesa. Não havia raiva aparente. Só controle. Frio. Letal.
– Você se atrasou – disse ele, sem levantar a voz. Cada palavra pesava como chumbo.
– A chuva... – Helena começou, mas a desculpa morreu em seus lábios. Ele sabia. Ela sabia que ele sabia.
Do outro lado da sala, Sérgio Amaral se remexeu na poltrona, desconfortável com a tensão. Terminou o café depressa e levantou-se.
– Vou dar uma olhada na documentação da filial – murmurou, saindo rápido demais.
O silêncio que se instalou após sua saída era absoluto.
Gustavo ficou de pé devagar, contornando a mesa como um predador domesticado por conveniência. Parou d