O amanhecer veio claro, quase translúcido, com uma luz que parecia dissolver as sombras. A casa branca respirava silêncio. O vento passava pelas janelas abertas e movia as cortinas como se o próprio tempo entrasse devagar para observar. Isadora levantou-se antes de Rafael e foi direto à varanda. O rio estava calmo, com um brilho dourado que lembrava promessas antigas. Havia algo diferente naquela manhã — não uma mudança concreta, mas a sensação de que o ciclo estava prestes a se fechar, não como fim, mas como continuidade.
Ela preparou o café e esperou o cheiro se espalhar pela cozinha. Quando Rafael desceu, ainda sonolento, encontrou-a de pé, observando o horizonte. Ele se aproximou sem dizer nada, apenas colocou as mãos nos ombros dela, e juntos ficaram ali, ouvindo o murmúrio das águas.
— Pensei em algo esta noite — disse Isadora, com voz calma. — Quero abrir um pequeno espaço de leitura na vila. Um lugar simples, com livros e cadeiras, onde as pessoas possam se encontrar.
Rafael s