O silêncio do escritório particular de Duarte era quase sagrado. Nenhuma luz entrava pelas janelas, mantidas fechadas por longas cortinas pesadas. O ambiente cheirava a couro, tabaco caro e velhas conquistas.
Ele estava diante de um painel digital. Mapas, nomes, rotas. Fotografias de Helena, Leonardo, Cláudia, e de outros rostos apagados, peças que ele movera e descartara conforme necessário.
— A senhorita Ferraz agiu exatamente como previsto — disse um homem de terno escuro atrás dele, cruzando os braços. — Mas Cláudia... está instável.
Duarte não tirou os olhos da tela.
— Sentimentos. A fraqueza eterna dos que pensam que amor pode salvar o mundo. Mas está tudo sob controle. Helena reagiu, como eu esperava. Agora é a hora de deixar ela me procurar.
O homem hesitou. — E se ela descobrir sobre o caso antigo? Sobre a mãe dela?
Um silêncio pesado tomou o ambiente. Duarte virou-se devagar, com um olhar gélido.
— Ela vai descobrir. É isso que quero. Mas no meu tempo.
Ele foi até uma estant