A manhã seguinte à inauguração da Casa da Palavra trouxe não apenas resquícios de tinta ainda fresca nas paredes, mas também uma sensação palpável de expectativa. A cidade havia testemunhado um nascimento e, como todo recém-nascido, a Casa precisava ser cuidada, alimentada, protegida. A notícia do sarau inaugural espalhara-se rápido: rádios locais falavam do evento, jornais regionais estampavam fotografias das crianças lendo poemas e da rampa decorada com flores improvisadas.
Mas junto com a visibilidade, vieram também os primeiros sinais de pressão. Na mesa da livraria, acumulavam-se convites: escolas pedindo oficinas, sindicatos pedindo palestras, jornais pedindo entrevistas. Havia quem enxergasse a Casa como espaço cultural, quem a quisesse como tribuna política, quem a sonhasse como centro de protestos. Cada convite parecia estender os braços para Isadora, mas também arrancar dela pedaços.
Na primeira reunião do conselho rotativo, sentados em roda em torno de uma mesa marcada por