Quando Elô acordou, o sol ainda não tinha nascido por completo.
Havia uma névoa fina sobre os trilhos abandonados e um cheiro metálico no ar — algo entre ferrugem e memória antiga. A caixa da carta permanecia aberta ao seu lado, a esfera de memória repousava dentro do bolso da jaqueta e, por um instante, ela não teve certeza se tudo aquilo havia sido real.
Mas então ela viu o símbolo na carta, o mesmo entalhado em seu colar. E soube: estava no caminho certo.
Ou, ao menos, no único caminho que lhe restava.
Com passos firmes, seguiu o traço que a esfera havia projetado na noite anterior — uma linha de luz fraca que apenas ela conseguia ver. Levava até uma antiga biblioteca subterrânea, um lugar que aparecia nos mapas mais antigos como O Arquivo Vazio.
Diziam que ali repousavam os nomes esquecidos, as vozes caladas, os fragmentos das almas que não suportaram carregar sua própria verdade.
Elô desceu pelas escadas de concreto úmido, onde musgos brilhavam com uma luz azulada e fungos respon