O último sino do Instituto da Escuta soou às 4h44.
Era o chamado para o silêncio absoluto — o momento em que o mundo do lado de fora cessava, e os que ainda permaneciam dentro da cúpula ouviam apenas a si mesmos.
Elô estava sentada de pernas cruzadas no jardim de pedra, sob a figueira que crescia inclinada, como se escutasse os ventos antes que eles chegassem. Desde criança, aquele lugar era seu abrigo. Agora, era sua despedida.
Naquela noite, Elô não vestia o manto escuro dos aprendizes, nem carregava o emblema do Instituto no pulso. Estava com roupas comuns: calças de fibra térmica, botas leves e uma jaqueta de memória térmica herdada da avó.
Ao seu lado, a esfera de memória que carregava a voz de Clara pulsava com uma luz âmbar, como um coração que se recusava a apagar.
Elô ainda não sabia o que esperar. O mapa era fragmentado, incompleto, e exigia dela algo que nunca aprendera no Instituto: fé no invisível.
— “Você está partindo cedo demais”, disse Liora, sua orientadora e uma das