O dia amanheceu cinzento em Montserra, como se o próprio céu refletisse o estado de espírito de Helena. Após uma noite sem dormir, ela tomou uma decisão: precisava falar com Rafael. Não podia simplesmente aceitar um vídeo, uma delação ou uma pasta cheia de arquivos como verdade absoluta. Aquilo podia ser uma armação. Mas, se não fosse… ela teria que saber.
Júlia tentou impedir.
— Você não está pronta. Está emocionalmente instável. E se ele confirmar?
— Então é melhor que eu ouça da boca dele. Preciso saber quem está comigo… e quem está contra mim.
O hospital onde Rafael trabalhava parecia mais frio do que de costume. Talvez fosse apenas o clima. Talvez fosse o olhar que Helena recebeu ao passar pelos corredores, como se já soubessem. Como se todos soubessem, menos ela.
Rafael a recebeu em sua sala particular. Estava com o jaleco semiaberto, uma expressão preocupada. Parecia cansado, abatido.
— Helena? O que houve? Aconteceu alguma coisa com a mamãe?
Ela o olhou fixamente.
— Aconteceu