O dia havia amanhecido pesado, como se as nuvens carregassem consigo a mesma angústia que consumia Elô. O vento soprava frio pelas janelas quebradas da velha casa, e cada sopro fazia o silêncio se tornar mais sufocante.
Clara, ainda pálida, observava Elô com olhos marejados, como se temesse que a amiga pudesse desaparecer a qualquer instante. Miguel, por sua vez, tentava manter a postura firme, mas o cansaço estampado em seu rosto denunciava que ele também se encontrava à beira do limite.
E, no meio deles, estava Elô, encarando as linhas negras que agora se espalhavam pelo braço, serpenteando como raízes venenosas.
— Está piorando — Clara disse em voz baixa, quase um sussurro.
Elô desviou os olhos, mas não conseguiu esconder o tremor em suas mãos.
— Se eu usar de novo, vai se espalhar mais rápido. Eu sei disso. — Ela falava quase para si mesma, a respiração curta. — Mas se eu não usar... nós não temos chance.
A dúvida que rasga
Miguel se aproximou, ajoelhando-se diante dela, o olhar f