LEON
Sempre achei que herança fosse medida em números, contratos e patrimônios. Descobri que herança, na verdade, é o que se vê nos olhos de uma criança.
Nossos gêmeos foram uma surpresa até nisso. O menino nasceu ruivo, como a IVY. As madeixas finas, avermelhadas, refletiam a mesma cor que ela tantas vezes escondeu debaixo de gorros e lenços. Quando o vi pela primeira vez, senti como se a vida tivesse me presenteado com uma versão pequenina da minha esposa.
Já a nossa princesa era loira, tão clara quanto eu fora em criança. A pele alva, quase translúcida, os cílios delicados, o nariz pequenino. Um reflexo do meu sangue.
IVY sorriu entre lágrimas, ainda cansada do parto, mas com um brilho que parecia mais forte do que qualquer dor.
— Você viu? — disse ela, encostando a testa na minha. — Deus mandou um equilíbrio para cada um de nós.
E então, como se o destino quisesse arrematar a cena, JEFFREY mexeu-se no berço ao lado. Aque