O silêncio dentro do carro ficou pesado por alguns segundos, até que papai respirou fundo e se virou para mim. O olhar dele, firme e dolorido, me atravessou como se pudesse enxergar cada verdade escondida.
— Quem foi que bateu em você? — perguntou, e a voz dele saiu grave, quase um sussurro contido.
Segurei forte a alça da mochila, desviando o olhar.
— Por que o senhor está falando isso?
Ele não piscou, não vacilou.
— Porque essa marca no seu rosto é de mão, Ivy. Não é de porta. Eu conheço a diferença. Agora me diga: foi a sua madrasta ou foi a sua irmã?
Engoli em seco, sentindo a garganta arder. Eu queria protegê-lo. O médico tinha sido claro: nada de estresse. Papai não podia se enfurecer. Ele precisava cuidar da saúde, não arrumar mais guerras dentro de casa.
Coloquei a mão sobre a dele, com carinho.
— Papai, por favor, não vá se estressar. O senhor não pode. Eu estou bem. — Forcei um sorriso, mas meus olhos marejaram. — Desde que me entendo por gente, eu aprendi a me defend