O relógio marcava quase seis da tarde quando Adam encerrava a última reunião. Estava sentado em sua poltrona de couro, massageando a têmpora, refletindo ainda sobre tudo que vinha vivendo nos últimos dois dias. A porta se abriu devagar.
— Senhor Adam, sua mãe está aqui — avisou a secretária, com um tom de voz surpreendido.
Ele ergueu o olhar, sem esperar visita. E, quando viu Clarence entrar, a respiração dele falhou.
Não era a mesma mulher apagada que ele estava acostumado a ver. Diante dele surgia uma nova Clarence: o vestido tubinho amarelo-ouro abraçava-lhe o corpo com elegância, o casaco preto caía perfeito nos ombros, os sapatos Chanel davam-lhe porte de rainha. As unhas vermelhas e o batom suave traziam uma juventude inesperada. O cabelo solto, bem cuidado, conferia-lhe outra aura.
— Mamãe, — ele murmurou, incrédulo. — A senhora, está linda.
Ela sorriu, um sorriso verdadeiro, diferente do de outros tempos.
— Obrigada,