A manhã em Nice amanheceu com o céu coberto por nuvens pesadas, como se até o clima pressentisse que algo estava prestes a desabar. A mansão onde Camila estava hospedada parecia pequena diante do turbilhão que se formava dentro dela. Setenta e duas horas. Esse era o tempo que tinha para decidir se abraçaria um império nas sombras ou enfrentaria um inimigo que, agora, usava o próprio sangue como moeda de barganha.
Ela encarava a lareira apagada, sentada no tapete, com o diário de Letícia aberto no colo. As palavras da mãe pareciam sussurrar do passado, costurando dor e advertência:
"Não confie nos olhos que mais te desejarem. O desejo é uma arma — e às vezes vem envenenado."
O som de passos firmes no corredor a tirou do transe. Leonardo entrou, vestindo uma camisa escura parcialmente aberta no peito e uma expressão carregada. Ele trazia café nas mãos, mas não era um gesto casual — era um pedido de paz silencioso, uma tentativa de continuar presente mesmo quando tudo os puxava para o ab