A estrada sinuosa cortava a serra como uma cicatriz. O carro de Clara avançava sob o peso de sua urgência. O bilhete de Isadora em seu colo estava amarrotado de tanto que ela o apertava, como se a textura do papel fosse o último elo que a mantinha conectada à filha.
Ao lado, Beatriz mantinha os olhos fixos na estrada, uma arma no colo. Não era mais a ex-secretária leal. Era uma mulher endurecida, traída e com sede de justiça — mesmo que isso significasse caminhar para a morte.
— Se for uma armadilha, eu vou atirar primeiro — murmurou Beatriz.
— Se for armadilha, a gente queima tudo junto — respondeu Clara, sem hesitar.
As duas sabiam que o que estavam fazendo ultrapassava a linha do certo. Mas Rafael a cruzara muito antes delas. Aquilo não era mais uma guerra de justiça — era uma disputa de sobrevivência emocional.
Rafael estava em silêncio. O copo de uísque girava entre os dedos enquanto ele ouvia os relatórios de seus homens.
— A casa ainda está segura. Joel está na área externa, ni