O som do tiro ainda ecoava pelas paredes frias da casa de campo quando Clara caiu de joelhos. O impacto não era dela, mas a dor era — profunda, insuportável. Rafael errara o disparo por centímetros. A bala acertara a parede, mas sua intenção fora clara: matar.
Do corredor, Beatriz gritou:
— CLARA!
Clara, ainda atordoada, ergueu o rosto e gritou de volta:
— LEVA ELA! CORRE!
Beatriz agarrou Isadora e correu em direção ao mato, contornando a casa por trilhas escuras e desconhecidas. Rafael apontou a arma novamente, mas Clara se lançou sobre ele, com fúria e desespero.
Eles caíram ao chão. Ele tentou se desvencilhar, mas Clara lutava como uma leoa em defesa da cria. Mordidas, arranhões, gritos. Rafael conseguiu empurrá-la, mas já era tarde: o tumulto chamara atenção dos seguranças. Um deles entrou correndo.
— Senhor!
— Atrás delas! Agora! — urrou Rafael, ofegante, o rosto sangrando por causa das unhas de Clara.
Do lado de fora, Beatriz corria com Isadora no colo. A criança chorava silenci