43. VERDADE QUE DOI
O silêncio pairava como uma nuvem densa na sala, e o coração de Deise batia mais rápido a cada segundo. Ela sentia que o que Miguel estava prestes a dizer poderia mudar muitas coisas — ou tudo. Eles estavam sentados lado a lado no sofá, mas mesmo com a proximidade, havia uma distância invisível entre eles, uma espécie de barreira feita de memórias, segredos e mágoas antigas.
Miguel passou as mãos pelos cabelos, visivelmente nervoso, e soltou um suspiro profundo antes de começar a falar. Sua voz saiu baixa, quase rouca, mas firme o suficiente para mostrar que ele estava decidido a contar tudo.
— Bom... eu devia ter uns quinze anos quando fui morar com meus avós em Manhattan. — ele começou, com um leve sorriso que logo se transformou em uma risada curta. — Na verdade, fui expulso de casa. Botei fogo na sala da diretora da escola. Foi um acidente... mais ou menos. Meu pai surtou e me mandou embora.
Ele riu outra vez, tentando tornar o clima mais leve, mas seus olhos denunciavam que aquil