19. UMA VALVULA DE ESCAPE
Durante os últimos três dias daquela semana, Deise mal foi vista pela casa. Passava a maior parte do tempo deitada, envolta nos próprios pensamentos e na dor que parecia corroer seu peito dia após dia. A raiva por Roberto era tamanha que, em certos momentos, ela sentia como se não pudesse respirar. Ele havia cruzado todos os limites. Não só manipulou sua vida, mas também a encurralou, forçando-a a viver sob um contrato que mais parecia uma sentença.
Maria, a fiel governanta da casa, não desistia. Batia na porta com bandejas de comida, insistia com voz doce e firme que ela precisava se alimentar, que não podia se entregar assim. Mas Deise não tinha forças. O estômago revirava só de pensar em tudo que estava vivendo.
Porém, tudo mudou naquela tarde.
Maria entrou no quarto com um brilho nos olhos e um envelope pequeno nas mãos.
— Senhora Deise... ele deixou isso para você — disse em voz baixa, como se aquele pedaço de papel fosse uma chave secreta.
Deise se sentou devagar na cama, pegou