11. A FARÇA DESMASCARADA
Assim que Deise entrou no escritório de Roberto, seus olhos percorreram automaticamente o ambiente recém-reformado. Tudo exalava sofisticação — mas também um certo peso, como se as paredes guardassem segredos demais. As duas poltronas de couro preto ao lado de uma estante triangular lotada de livros em edições luxuosas pareciam intocadas, quase cenográficas. Uma escrivaninha rústica e escura, contrastando com o restante da decoração moderna, dominava o centro do cômodo.
Foi então que o viu.
Lucas estava ali, sentado do outro lado da mesa, olhando para ela com um sorriso suave, um olhar carinhoso que, em outra época, poderia tê-la encantado. Mas agora aquele olhar a enjoava. O desconforto a fez mudar de posição, cruzar os braços, quase como um reflexo de defesa.
— Eu não pretendo demorar — ela disse, fria, evitando seu olhar. — Gostaria de voltar para casa ainda hoje. Tenho compromissos pela manhã.
Roberto, que acabara de se posicionar ao lado de Lucas, soltou uma risada leve, teatral,