A manhã seguinte trouxe uma luz diferente para dentro do quarto. Alicia acordou antes do despertador tocar. Estava aninhada nos braços de Roberto, e, pela primeira vez em muito tempo, não sentiu culpa. Não sentiu medo. Sentiu presença. Sentiu paz.
O bebê chutava com leveza, como se participasse daquela atmosfera calma. Ela olhou para o marido adormecido ao seu lado e permitiu-se um sorriso. Era ele. Com todas as falhas, com todos os traumas, era ele quem estava ali. Era ele quem segurou sua mão quando ela desmoronou, quem via nela mais do que um erro.
— Você tá me encarando. — murmurou Roberto, abrindo os olhos devagar, a voz rouca de sono.
— Tô. — ela respondeu baixinho, a ponta dos dedos deslizando no peito dele. — Tô pensando em como a gente tá aqui. Depois de tudo.
Ele sorriu. Um sorriso tranquilo.
— A gente ainda tem muito chão, Alicia. Mas ontem… foi um recomeço. Você sentiu também, né?
Ela assentiu, e os olhos marejaram.
Foram para a cozinha juntos. Ele preparou o café