O sol de início de tarde batia suavemente nas vidraças do pequeno restaurante escondido em uma rua tranquila do bairro. Alicia e João caminharam lado a lado, como se nada tivesse acontecido, como se o que haviam feito minutos antes no consultório não tivesse explodido um universo de sensações guardadas há tempo demais. Ele abriu a porta para ela, e Alicia entrou sem saber exatamente como agir. Não havia culpa, tampouco leveza. Havia um tipo de silêncio cómplice e cheio de significados.
Sentaram-se em uma mesa no canto, perto da janela. O garçom trouxe o cardápio, mas os dois demoraram a se concentrar nele. João foi o primeiro a quebrar o gelo, com um sorriso de canto e a voz mais baixa do que o normal:
— Parece que a fome mudou de foco hoje, né?
Alicia corou. Baixou o olhar, ajeitando a pulseira no pulso. Não respondeu com palavras, apenas ergueu os olhos em um meio sorriso. João sentia o gosto dela ainda nos lábios, e o cheiro de sua pele impregnado nas narinas. Mas preferiu não come