O tempo passava, e os dias pareciam iguais. Alicia estava em casa com Pietro, mergulhada nos cuidados com o bebê, vivendo entre mamadas, trocas de fraldas e pequenas sonecas interrompidas. Roberto voltava do trabalho sempre sorridente, cheio de histórias e planos, mas aos poucos foi sentindo que algo estava se quebrando entre eles.
Ela estava distante. Evitava toques mais prolongados, dormia sempre com o bebê por perto na cama, acordava chorando em silêncio. Roberto notava tudo, mas ainda não sabia como abordar.
Até que numa noite, após colocarem Pietro no berço, ele se sentou na cama e soltou:
— A gente precisa conversar.
Alicia, sentando-se também, puxou o lençol para cobrir as pernas, o olhar já cansado.
— Sobre o quê?
— Sobre a gente. — ele respondeu, direto. — Faz mais de um mês que o Pietro nasceu, e a gente... não se toca, não se conecta. Eu entendo que é tudo novo, mas você mal me olha. Eu tô começando a me sentir... sei lá, excluído.
Alicia respirou fundo, os olhos marejando