O som da chave girando na porta foi o único sinal de que Alicia havia chegado. A luz do fim de tarde já invadia parte do apartamento, dourando os móveis da sala. Roberto estava na cozinha aquecendo um chá para ela, como fazia sempre que podia. Ouviu os passos dela entrando devagar e se aproximou com um sorriso cansado, o bebê dormia no berço da sala.

— Oi, meu amor — disse, oferecendo a caneca de chá — Como foi o seu dia?

Alicia pegou a caneca e sorriu com delicadeza, sem responder de imediato. O olhar dela estava um pouco distante, um pouco aéreo, mas ainda assim doce. Ela tomou um gole, se aproximou de Roberto e o beijou na bochecha, demorado, como um pedido silencioso de trégua. Ou talvez perdão.

Roberto a abraçou pela cintura. Sentiu o calor do corpo dela, o perfume adocicado, a pele desnuda por baixo do vestido leve. A palma da mão dele deslizou naturalmente pelas costas da esposa até a curva da cintura, e ali, parou. Os dedos notaram o que os olhos não viam: ela não estava us