O sol da manhã filtrava-se pelas frestas da cortina, desenhando linhas douradas sobre o berço de Pietro. Alicia acordou primeiro, como de costume. Levantou-se com cuidado para não acordar Roberto, que dormia profundamente ao seu lado, e foi direto ao quarto do bebê. O pequeno dormia tranquilo, o rosto sereno como se nada do caos adulto pudesse atravessar aquela paz.
Alicia o observou por alguns minutos. Uma parte dela se sentia em paz. Outra, inquieta. Ainda havia muito para ser resolvido. As conversas com a terapeuta a ajudavam, mas o desejo, a culpa e o amor dividido continuavam borbulhando em silêncio.
Mais tarde, já sentados à mesa do café da manhã, Roberto observava Pietro no colo da mãe com um sorriso calmo.
— Ele puxou sua expressão de sério quando dorme — comentou, passando manteiga na torrada.
Alicia riu fraco, acariciando o cabelinho do bebê.
— E puxou sua covinha... — disse.
Roberto a observou por um segundo, em silêncio. Depois de mastigar lentamente, limpou os dedos no gu