Um jantar para trazer alegria.
Ethan
Eu contei nos dedos: duas semanas desde que a Diana voltou pra casa. Quatorze dias de curativos trocados, banhos lentos, sopa que ela odiou, comprimidos nos horários, cochilos interrompidos, insônia em silêncio. E, por baixo de tudo, aquela tristeza funda que eu quase conseguia tocar quando ela desviava o olhar e dizia “tá tudo bem” com a voz fina demais pra convencer.
Eu fiz de tudo pra levantar o ânimo dela. Contei piadas ruins, inventei playlists só com músicas que ela gostava, comprei flores no fim da tarde porque o cheiro de casa fresca sempre deixou ela mais leve. Levei o sofá pra mais perto da janela pra entrar mais sol. Mesmo assim, tinha dias em que ela parecia distante, como se olhasse o mundo de trás de um vidro. Eu a abraçava e sentia o corpo dela ali, mas a cabeça viajando pra um lugar onde eu, por mais que quisesse, não alcançava.
Talvez por isso, naquela manhã, eu decidi que precisava tentar de outro jeito: um jantar a dois. Íntimo, simples, mas com a nossa cara.