Diana
Fazia dois meses desde o dia do acidente. Dois meses de remendos, de consultas, de choro noturno e de pequenas vitórias que eu tentava transformar em festa. Hoje era dia de tirar o gesso. Eu acordei com uma mistura de ansiedade e um medo bobo — como se o braço fosse sentir falta daquela prisão branca. Ethan ficou em silêncio bom na beirada da cama, e eu fiz questão de me levantar com calma, como se cada movimento fosse um treino para poder abraçar a vida de novo.
No hospital, a sala cheirava a limpeza e a esperança. A enfermeira sorriu quando me viu entrar com a pulseira ainda no pulso, e eu senti o peito apertar. O médico veio com a ferramenta que eu já imaginava: o cortador elétrico que faz um ruído estranho e corta o gesso sem machucar. Eu me sentei, respirei fundo e tentei não olhar pro barulho. Quando ele aproximou, a lâmina tremeu, a poeira branca caiu, e eu ouvi o som do que parecia uma vela quebrando devagar. Depois veio o clique final e a sensação de liberdade: meu braç