Não consigo vencer a Meredite.
Ethan
Eu contei os dias no calendário como quem risca um ferimento: um mês desde o banheiro do shopping. Quatro semanas tentando colar os cacos invisíveis do susto, da raiva, da sensação constante de estar sendo vigiado. A merda é que, quanto mais eu tentava blindar a nossa vida, mais a sombra da Meredite parecia crescer. E naquela noite, de pijama, meias fofas nos pés da Diana, uma caneca de chá esquecida na mesa de centro, eu soube que tinha chegado num ponto que eu não queria encarar.
— A gente precisa conversar — falei, prendendo o ar como quem mergulha.
Ela me olhou por cima da borda do sofá, o cabelo preso de qualquer jeito, a cara limpa que eu amo.
— Sobre ela? — a palavra “ela” saiu amarga. Meredite sem nome, mas presente em tudo.
Assenti. Sentei de frente, joelhos quase encostando nos dela.
— Eu não consigo deter a Meredite.
— O quê? — os olhos da Diana estreitaram. — Como assim “não consegue”? Você sempre dá um jeito, Ethan.
— Eu tentei de tudo — respirei, devagar. — Advogad