Ethan
Eu fui até o apartamento dela sem avisar. Não porque fosse inteligente — porque eu não aguentava mais. O elevador subiu engolindo meu reflexo nos espelhos, e eu subi com o coração martelando num compasso que não era medo; era raiva comprimida, disciplinada o suficiente para não transbordar no corredor. Toquei a campainha uma vez. Nada. Toquei a segunda, mais longo. A porta abriu com o clique preguiçoso de uma fechadura cara.
— Ethan? — Meredite inclinou a cabeça, boca semiaberta num sorriso que eu conhecia bem: a máscara de quem acha que tem a vantagem. — Que surpresa.
— A gente precisa conversar — falei, passando por ela sem pedir licença. O cheiro da casa dela me atingiu: flores caras, madeira encerada e alguma coisa metálica, fria. — Agora.
Ela fechou a porta devagar, saboreando o momento.
— Entre, claro. Quer um vinho? — atravessou a sala com o salto riscando o mármore, pegou uma taça, outra, como se eu tivesse ido fazer turismo.
— Não. — Sentei no braço do sofá, sem me acom