POV JOSÉ EDUARDO
Os anos que se passaram não foram suficientes para me fazer digerir a traição que sofri.
E o fato de Júlia ter me mandado aquela mensagem — justo no dia em que saí para tomar sorvete com Catarina — só fez reacender em mim as inseguranças que eu carregava.
Enquanto ajeitava minha roupa diante do espelho, eu me via bonito, alto, forte. Não era difícil entender que conquistar uma mulher não seria complicado.
Mas todo homem tem alguma insegurança — até os mais desejados.
E eu tinha as minhas.
Júlia preparou o terreno.
Catarina era a semente que fazia crescer em mim o ciúme, a obsessão.
Só de pensar nela sozinha com outro homem me dava vontade de me rasgar por dentro. De quebrar alguma coisa.
— Espero que eu não veja nada demais! — murmurei para mim mesmo, saindo em direção ao estábulo.
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POV LEILA
O álcool estava me anestesiando. Às vezes, eu nem sabia se tinha bebido uma ou duas garrafas.
Eu apenas acordava na minha cama, sem saber se era manhã ou tarde (às vezes, nem se