A tarde caiu lentamente sobre a mansão Castelão, espalhando sombras douradas pelas cortinas de linho e pelos corredores silenciosos. Marcus não havia saído do quarto do casal desde que encontrara o caderno. Ainda o segurava entre as mãos como se fosse um relicário — o último resquício palpável de tudo que perdera.
Foi então que a mãe entrou.
Não bateu. Não anunciou. Apenas entrou, como quem entra em um santuário para resgatar uma alma.
Ela o viu ali, sentado na beira da cama, com o olhar distante. Os olhos vermelhos, mas ainda secos.
Ela não disse nada no início. Caminhou até ele e sentou-se ao seu lado, com delicadeza. Ficaram alguns segundos em silêncio, ouvindo apenas o som abafado do mundo do lado de fora.
— Quando você vai parar de fugir, Marcus?
Ele não respondeu.
Ela continuou:
— Eu estive aqui. Vi tudo. Vi quando ela chegou com as malas, chorando como uma menina traída. E mesmo assim, ela agradeceu. Ela me agradeceu, Marcus. Pelo carinho. Mesmo depois do que você fez.
Ele abai