A clínica havia retomado sua rotina habitual, e a presença de Clara nos corredores — agora mais confiante, segura e com um brilho que vinha de dentro — parecia contagiar os pacientes e funcionários. Daniel, totalmente recuperado, estava de volta aos atendimentos, mais presente do que nunca, e sempre acompanhado de um olhar cúmplice trocado com ela entre um prontuário e outro.
Clara sabia que a vida estava mudando — e que estava mudando para melhor.
Naquela sexta-feira, Daniel a esperou no consultório depois do expediente. Vestia uma camisa azul clara, dobrada nos punhos, e um sorriso diferente, sereno, mas ansioso. Sobre a mesa, uma pequena caixa de veludo azul repousava discretamente ao lado de uma taça de vinho.
Quando Clara entrou, ele se levantou.
— Uau... — disse ela, sem esconder o encantamento ao ver a mesa posta, com flores, velas e aroma suave de lavanda no ar. — Você está aprontando alguma coisa, doutor Avelar?
Daniel sorriu.
— Estou celebrando... nós.
Ela largou a bolsa em