Paula Moretti
O som desafinado do Lá Central ecoou na sala silenciosa como um gemido perdido. Ajustei o pino com a chave improvisada que Nicolo conseguiu, meus dedos desajeitados contra o metal frio. A corda, tensa e relutante, parecia refletir a própria natureza daquela casa, daquela vida que tentávamos construir sobre as ruínas do que havia acontecido em nossas vidas.
Sob o olhar atento de Nicolo, sentado no sofá de couro com uma postura que, ao mesmo tempo, estava relaxada e vigilante, eu não podia deixar de pensar no que o destino tece para cada um de nós.
O destino tem um senso de humor verdadeiramente engraçado.
Enquanto torcia o pino, sentindo a vibração mínima da corda se ajustando sob meus dedos, minha mente viajava para um universo paralelo, uma realidade que nunca aconteceria. Um universo em que Nicolo seria corajoso o suficiente para desafiar as vontades de outros e as convenções em que acredita e tivesse pedido a mão de minha mãe em casamento.
Onde ele não fosse meu marid