Liora
A casa onde eu estava era vazia na maior parte do tempo — silenciosa demais para alguém que passou a vida cercada de gritos, portas batendo e passos que anunciavam perigo muito antes de aparecerem.
Aqui, o silêncio era… estranho.
Quase cruel no início, porque eu não sabia o que fazer com ele.
James entrava e saía sem fazer barulho, sempre direto para o escritório ao final do corredor. Às vezes eu o ouvia virar páginas, às vezes apenas o som abafado de uma caneta riscando papel. Ele passava tantas horas ali que comecei a imaginar se dormia pouco ou se simplesmente não precisava dormir.
Pelo que observei — e pelo que consegui arrancar de um diálogo ou outro no corredor — ele era o beta do clã.
O segundo no comando.
O braço direito do alfa.
E o responsável pela maior parte das questões administrativas.
Isso explicava por que ele estava sempre com aquela expressão concentrada, sempre com um cheiro leve de papel, tinta e floresta. Um cheiro tão peculiar que eu acabava percebendo a pr