Era estranho ter uma fêmea em casa depois de tanto tempo.
Estranho… e incômodo de um jeito que eu não queria admitir.
Liora tentava não incomodar.
Tentava tanto que às vezes parecia que ela estava tentando desaparecer dentro das paredes de pedra. Os únicos cômodos que ela se permitia usar além do quarto eram a sala — onde passava horas encolhida no sofá com a manta que ela mesma tricotou — e a cozinha, sempre com passos leves, cuidadosos… apenas quando achava que eu não estava olhando.
Mas eu via.
Eu sempre via.
Aquela casa tinha sido construída para ser silenciosa, prática, eficiente — perfeita para alguém como eu. Mas agora cada pequeno som dela ecoava como se amplificado: o deslizar de pés descalços pelo chão de madeira, o tilintar suave de uma colher contra a caneca, o murmúrio de sua respiração quando ela pensava que estava sozinha.
E aquilo mexia comigo de formas que eu não estava pronto para enfrentar.
De manhã, quando saia cedo para as reuniões com Hunter e o conselho, eu semp