Os dias seguintes foram um exercício de autocontrole.
Ágata mantinha o profissionalismo intacto, mas por dentro a imaginação ganhava asas. Não cruzava limites. Ainda. Apenas deixava os pensamentos correrem soltos quando estava sozinha, como um rio que sabe onde não pode transbordar… mas insiste em subir o nível.
Numa noite qualquer, já perto do Natal, sem intenção escondida, ela enviou uma mensagem para Henrique. Um vídeo simples. Uma moça exibindo a cesta natalina que havia ganhado da empresa.
“Você bem que podia dar uma dessas pra gente.”
A resposta veio rápida.
“Isso aí é coisa de empresa grande. Não tenho como bancar algo assim.”
Ágata riu sozinha e digitou sem pensar demais.
“Ah, para com isso… você é o velho da lancha.”
Ele demorou alguns segundos dessa vez.
“Eu tenho 33 anos, Ágata.”
“E já reclama como se tivesse 50.”
A provocação era antiga. Ele sempre fingia se ofender. Sempre voltava.
A conversa, que começou leve, ganhou um ritmo diferente. As mensagens ficaram mais longas.