O beijo aconteceu como uma ruptura.
Sem aviso. Sem ensaio. Quando perceberam, já estavam próximos demais para recuar. Henrique levou a mão ao rosto de Ágata com firmeza, como quem segura algo que desejou por tempo demais. O contato foi imediato, profundo, carregado de tudo o que vinha sendo contido.
O mundo do lado de fora deixou de existir.
A chuva batia forte no teto da caminhonete, os vidros começaram a embaçar lentamente, como se o próprio ambiente reagisse à intensidade que crescia ali dentro. O beijo não era delicado. Era urgente. Necessário. Como se cada segundo afastado tivesse sido uma tortura silenciosa.
Ágata sentia o corpo dele inteiro, a força contida, a respiração pesada próxima demais. Henrique, por sua vez, parecia perder o controle que sempre o definiu. As mãos dele a puxavam com cuidado e desespero ao mesmo tempo, como quem quer sentir e, ainda assim, não ultrapassar um limite irreversível.
Eles se buscavam sem pressa… e sem freio.
Não havia palavras. Não havia prome