A discussão não foi grande. Não teve gritos, nem palavras duras demais. Foi curta, seca, daquelas que nascem do que não é dito.
Henrique tinha fechado a cara ainda no escritório. Um comentário solto de um fornecedor, um sorriso que ele interpretou mal, e aquele ciúme antigo, guardado, mal resolvido, voltou a pulsar. Ágata percebeu na hora. Conhecia aquele silêncio. Conhecia o olhar que evitava o dela.
— Se vai ficar assim, fala — ela disse, já em casa, largando a bolsa sobre a mesa.
— Não é nada — respondeu ele, automático demais.
Ela cruzou os braços.
— Nunca é nada. Até virar tudo.
Henrique suspirou, passando a mão pelos cabelos.
— Às vezes eu esqueço que você escolhe estar comigo. Não porque precisa. Mas porque quer.
Aquilo a desarmou. Não era acusação. Era medo.
Ágata não respondeu. Apenas o observou por alguns segundos. Depois, virou-se e foi em direção ao quarto sem dizer uma palavra.
Henrique ficou na sala, confuso, achando que a conversa tinha terminado mal. Até que a luz se a