Entre Sombra e Luz
A casa dormia, mas o vento noturno sussurrava nas persianas como se quisesse dividir um segredo impossível de guardar.
Clara apagou a última luz do corredor e caminhou descalça até o quarto, sentindo o piso frio despertar cada ponto de sua pele.
Miguel já esperava, sentado na beira da cama, vestindo apenas a calma que demorou meses para aprender.
A penumbra era suave, o abajur deixava círculos dourados no lençol, convidando-os a habitar um espaço feito de respirações lentas.
— Brenda dormiu de novo em dois minutos. Ela sussurrou, encostando a porta.
— Ele sabe que hoje o foguete é só nosso Miguel respondeu, abrindo um sorriso que misturava desejo e gratidão.
Clara riu baixinho, o som de veludo deslizando pelos móveis.
Aproximou-se até sentir o joelho de Miguel roçar na sua coxa.
Os dois ainda cheiravam a terra do fim de tarde, um perfume ameno de lavanda e terra que lembrava promessa de chuva.
Quando ela tocou o rosto dele, os dedos tremeram, não de incerteza