Sentimentos declarados...
Diogo Ricci
Estacionei o carro na rua lateral do hospital, de onde podia ver a entrada sem ser visto. Eu sabia que ela estava lá dentro. Sabia também que tinha ido até o quarto da Jullia, mesmo sem me dizer nada. A Bella sempre foi assim, silenciosa nas atitudes, mas cheia de coragem onde ninguém esperava encontrar.
A espera foi longa. E cada minuto pareceu um teste para a minha sanidade.
Passei os olhos pelo painel do carro. Três chamadas não atendidas da empresa, uma mensagem da minha mãe, e uma foto antiga da Bella emoldurada no porta-luvas, daquelas que a gente guarda sem saber por quê. Abri e olhei. Ela sorrindo ao meu lado , ainda adolescentes, os cabelos ao vento, despreocupados com as tragédias que o futuro nos prepararia.
Suspirei e voltei os olhos para a porta.E então, ela apareceu.
Caminhava com a cabeça levemente baixa, o casaco de tricô caindo dos ombros, os olhos vermelhos, como se tivesse chorado ou segurado o choro por tempo demais. Meu coração acelerou.
Saí do carro