Bella Ricci

O som dos meus passos ecoava de forma arrastada pelos corredores do hospital, como se cada centímetro de chão exigisse mais do que minhas pernas estavam dispostas a entregar. O cheiro ácido de desinfetante grudava no meu nariz, e as luzes fluorescentes tornavam o ambiente ainda mais impessoal, quase frio demais para o que eu precisava fazer.

Na minha cabeça, as palavras se atropelavam. Eu havia ensaiado esse momento. Mas agora, ali, diante da porta do quarto da Jullia, tudo parecia se apagar. Só restava a respiração, o peso do que precisava ser dito e o medo do que eu encontraria ao entrar.

Bati devagar, com os dedos trêmulos.

— Entra — a voz dela veio fraca, quase como um sopro.

Abri a porta com cautela, como se invadisse um território sagrado. O quarto estava na penumbra. A luz do sol filtrava-se preguiçosa pelas persianas fechadas. Jullia estava sentada, com o corpo levemente curvado, vestindo aquele avental de hospital. Os olhos estavam inchados e vermelhos, o