Capítulo 2
Quando eu cheguei ao hospital, caminhei até o quarto da Luísa. Meu irmão estava a alimentá-la. O semblante dele se transformou numa carranca tenebrosa antes de me dizer.

— Elisa, o que você veio fazer aqui de novo? Não bastou o que já fez com a Luísa?

Luísa sorriu presunçosamente, mas rapidamente assumiu uma expressão inocente:

— Ah, irmão, não diga isso da irmã. Talvez ela só tenha tido um momento de fraqueza; ela não me faria mal de verdade.

Ao ouvir isso, meu irmão olhou para ela com ternura.

— Luísa, você ainda a defende? Não sabe que tipo de pessoa ela é? Desde pequena, sempre adorava roubar suas coisas, seus brinquedos, suas roupas… e agora até seu campeonato. Ela é uma ladra!

Meu irmão ficava cada vez mais exaltado e, até apontou o dedo para meu rosto enquanto me xingava:

— Elisa, olha para a Luísa… ela é tão bondosa, e você é tão cruel! Nem acredito que tenho você como irmã! Se Luísa fosse minha irmã de sangue, seria maravilhoso...

Apertei os lábios e falei com calma:

— Irmão, hoje vim dizer que estou disposta a doar o meu rim para a Luísa.

Ele ficou em silêncio por um instante, parecendo não esperar por aquilo.

— Você… está mesmo disposta?

— Sim. Desde que a Luísa se recupere rápido, farei qualquer coisa. — Assenti.

Ele me olhou cheio de complexidade.

— Elisa, fico feliz por você pensar assim. Fica tranquila, quando doar o rim para a Luísa, também cuidarei bem de você. — O tom de voz suavizou. — Finalmente você está agindo como uma adulta. — Disse ele.

Sorri amargamente, sem dizer nada.

Ao anoitecer, quando cheguei em casa, mal cruzei a porta e fui envolvido pelo aroma da comida. Henrique estava na cozinha preparando pratos que Luísa adorava. Ele parou o que estava fazendo e lançou-me um olhar de quem queria pedir algo. Aproximou-se de mim:

— Elisa, você sabe que o maior desejo da Luísa sempre foi usar um vestido de noiva e realizar um casamento.

— Seu irmão quer que eu e Luísa nos casemos primeiro, apenas para cumprir o último desejo dela antes de partir. Depois, quando ela não estiver mais… nós nos casaremos. — Ele ressaltou como se aquilo fosse a coisa mais normal do mundo. — Não te atormentes com pensamentos vãos. Luísa tem insuficiência renal e não tem muito tempo; os médicos dizem que é questão de semanas…

Olhei para ele, sentindo meu coração em cinzas:

— Ok.

Henrique aparentemente não esperava que concordasse tão facilmente. Afinal, ele já havia me perguntado várias vezes e eu sempre recusava.

— Então, vou ligar para a loja de vestidos de noiva para ajustar o tamanho para a Luísa e mudar o nome da noiva no cartaz… — avisei.

Nesse instante, meu irmão entrou e travou o Henrique; ele ouviu a nossa conversa:

— Elisa aceitou doar o rim. Luísa ficará bem, não há necessidade de mudar nada. A cirurgia está marcada para amanhã. O casamento de vocês pode acontecer como planejado, depois da recuperação.

Henrique, animado, me segurou:

— Elisa, você aceitou? Que maravilha! Eu sabia que você não era uma pessoa egoísta. Fica tranquila quanto à cirurgia. Vou providenciar o melhor cirurgião, preparar um nutricionista para sua recuperação rápida e garantir que você seja a noiva mais linda!

Sorri amargamente e assenti. Nenhum deles notou as lágrimas em meus olhos.

Meu irmão e Henrique respiraram aliviados, e havia um vislumbre de satisfação em seus olhos. Eu ia dizer algo, quando de repente uma tontura me atacou e caí no chão.

Quando acordei, Henrique e meu irmão estavam à minha frente, visivelmente irritados.

— Elisa, o que você está fingindo desta vez?

— Já chega de drama! Desmaiou na competição e em casa ainda continua fingindo! O que você quer afinal? ¬

Num ímpeto de fúria, o meu irmão chutou a cadeira. Henrique levou a mão cabeça, impotente:

— Não precisa fazer cena para chamar nossa atenção. Realmente, não há necessidade... A pessoa que eu amo é você. Mesmo que tenha havido discordâncias antes, não há dúvidas quanto ao meu amor por você; não precisa se provar… — resmungou. — Mas você usa sempre os mesmos truques. Isso cansa, desgasta nossa relação e abala a confiança nesse relacionamento… E estou começando a me cansar disso.

Quando eu reagi, percebi que eles pensavam que eu só estava fingindo doença para terem pena de mim. Mesmo após tomar analgésicos fortes, minha aparência não era como a de um doente — não estava pálida, nem inchada — parecia apenas uma pessoa normal, com a pele saudável.

Aguentei a dor, levantei-me e falei com calma:

— Talvez seja por não ter comido, tive uma queda de açúcar… não foi intencional, me desculpem por preocupar vocês. — Tentei ludibriá-los. — Henrique, me leve ao hospital. Hoje à noite vou assinar o consentimento para a doação do órgão, não posso atrasar a cirurgia de amanhã.

Henrique me olhou desconfiado, tentando ver algo de incomum no meu rosto. Normalmente, sempre que eles diziam que eu estava fazendo truques ou chamar atenção com jogos de pena, eu reagia e negava; hoje não fiz isso. Eu realmente estava doente. Apenas olhei para baixo, evitando o olhar dele e falei:

— Estou bem, vamos logo.

Henrique olhou para mim, depois para meu irmão, e decidiu acreditar em mim:

— Então levante-se. Vamos todos juntos.

No hospital, Luísa ficou visivelmente surpresa ao me ver.

— Irmã, o que você está fazendo aqui?

Respirei fundo, olhando-a nos olhos:

— Luísa, da última vez você disse que sua doença atrasou sua tese e queria que eu te desse a minha pesquisa. Eu aceito cedê-la.

Um choque passou pelo rosto de Luísa, seguido de extrema alegria:

— Sério?

— Sim…

O olhar do meu irmão estava cheio de orgulho e aprovação.

— Você deveria ter protegido sua irmã desde sempre. O desempenho acadêmico dela não é inferior ao seu; se não fosse a doença atrasando a tese dela, não precisaria da sua ajuda.

— Hum… — Murmurei

Na verdade, sabia que mesmo que não cedesse à tese, Luísa encontraria uma forma de pegá-la e se faria de vítima, pintando-me como a irmã fria e insensível. Era melhor eu oferecer voluntariamente. Embora a tese ainda tivesse falhas que, se Luísa lesse com atenção, perceberia. Se fosse publicada sem revisão, causaria grandes problemas.
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